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  • Como os players brasileiros de segurança investem nas pessoas?


    Bruna Chieco

    Atrair e formar talentos e valorizar os colaboradores tem sido o maior investimento que as empresas fazem em suas áreas de segurança. E o impacto desses investimentos em pessoas pode ser medido pelo reconhecimento que a empresa vem tendo, bem como pelos movimentos de expansão. 

    O Mente Binária conversou com algumas empresas que estão apostando nessa em investimentos para inovar, entre elas a Kryptus, provedora de soluções em segurança da cibernética que está em um momento de franca expansão, tanto no Brasil quanto nas regiões da América Latina e EMEA (África, Europa e Oriente Médio).  

    "Recebemos recentemente um investimento de R$ 20 milhões do Fundo de Investimento em Participações (FIP) Aeroespacial, formado por Embraer, Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep) e Desenvolve SP. Esse aporte chega em um momento de consolidação da Kryptus, que alcançou lucro recorde em 2019 e, neste ano, tende a superar os resultados do ano anterior. Por isso, avaliamos que é a oportunidade perfeita para ampliação da nossa atuação para além do território nacional", diz Roberto Gallo, CEO e Fundador da Kryptus. 

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    Roberto Gallo, CEO e Fundador da Kryptus.

    Com os recursos, a empresa estabeleceu uma filial na Suíça, onde programou investimentos em eventos locais e internacionais e intensificou a presença digital para contribuir com o reconhecimento da marca. "Além disso, estamos ampliando nosso time, do desenvolvimento à área comercial. No Brasil, temos mais de 30 vagas em aberto e anunciaremos mais em breve".

    Mas como inovar em um ambiente que requer profissionais com expertise tão específica? Segundo Roberto, atrair e manter talentos são as iniciativas estratégicas para sustentar o crescimento da Kryptus. "Trabalhamos na divulgação de nossos valores para atrair profissionais que queiram estar à frente das inovações e que acreditam, como nós, que a segurança de comunicações críticas não deva ser exclusividade de algumas superpotências". Hoje, o processo seletivo da Kryptus é todo on-line e focado em oportunidades remotas.

    A Flipside, empresa de soluções em segurança da informação bastante conhecida por seus eventos, também está investindo na comunidade de profissionais da área. "Desde que começamos, há 12 anos, como empresa de serviços e representação comercial, temos a mesma leitura de que o mercado de segurança é pequeno demais, que as empresas brasileiras não possuem gente suficiente pra trabalhar, e que muita gente que tem interesse de entrar não sabe por onde começar", diz o CEO da Flipside, Anderson Ramos. A empresa conta com cerca de 50 colaboradores, sendo que 30% deles atuam tecnicamente em alguma área de produto ou serviço.

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    Anderson Ramos, CEO da Flipside

    Comunidade – A formação de novos profissionais em larga escala é estimulada pela Flipside desde 2013, quando iniciou a organização do Roadsec, que hoje é dos maiores eventos de segurança da América Latina. "Dezenas de milhares de pessoas participaram presencialmente do Roadsec ou acompanharam nossas transmissões e conteúdos digitais. Isso permitiu a criação de todo um ecossistema de novos cursos, criadores de conteúdo, palestrantes, eventos, comunidades, campeonatos e, em última instância, a entrada de novos profissionais na área", diz Anderson. 

    Segundo ele, o Roadsec consome muito investimento próprio, e neste ano não foi diferente. As edições foram feitas de forma virtual e a empresa arrecadou dinheiro para ajudar nossa rede de comunidades parceiras a se manter e para direcionar recursos a projetos voltados ao combate à pandemia. "Hoje, grande parte dos investimentos que a gente ainda consegue manter nesse período tão complicado é destinada a adaptações necessárias por conta da pandemia, e as reorganizações internas necessárias para pavimentar nosso próximo ciclo de crescimento". 

    Talentos – O maior investimento da Tempest está em formar e reter talentos. A empresa de cibersegurança tem um programa de estágio que em sua última edição contou com mais de 600 candidatos, sendo preenchidas 12 vagas. Além disso, ao longo do primeiro semestre, foram contratadas 30 pessoas, e após uma rodada de investimento, novas contratações devem ocorrer, conforme conta o CEO e fundador da Tempest, Cristiano Lincoln. "O lado mais importante para nós é atrair e reter as pessoas técnicas certas, e em cima disso fazer inovação. Se não tiver o talento certo, não dá pra inovar", destaca. 

     

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    Cristiano Lincoln, CEO e fundador da Tempest

    Atualmente, a Tempest conta com 350 profissionais espalhados em dois escritórios no Brasil (Recife e São Paulo) e 15 pessoas na filial de Londres. "Apesar da empresa ter começado em Recife e lá ser o nosso headquarter, São Paulo já conta com praticamente a mesma quantidade de colaboradores. Deste total, cerca de 70% estão envolvidos diretamente em áreas técnicas dentro das diversas vertentes de segurança que atuamos: Pentesters, Analistas de MSS, Equipe de Threat Intelligence, desenvolvedores, entre outros. As outras equipes técnicas cuidam da nossa própria infraestrutura, segurança e desenvolvimento de sistemas internos (Desenvolvedores, SecOps, etc.)", explica o sócio-diretor da Tempest, Aldo Albuquerque.

    Fintechs – Com a expansão das fintechs, a área de segurança está se tornando prioridade dos investimentos no setor financeiro. José Luiz Marques Santana, head de cibersegurança no C6 Bank, destaca que periodicamente o banco digital passa por diversas auditorias internas e externas, além de certificações com órgãos reguladores para assegurar que a área está atendendo às demandas de segurança. "No primeiro semestre deste ano, por exemplo, tivemos auditorias com uma consultoria internacional que nos ajudam a atestar a segurança do nosso ambiente de tecnologia. Além disso, temos parcerias de pesquisa com instituições acadêmicas, como o Insper e o MIT, junto do qual participamos de uma iniciativa chamada CAMS, que é um esforço internacional que une academia e setor privado para debater questões de cibersegurança. Entre os temas em que colaboramos estão cibercultura, compliance e gestão de riscos", diz. 

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    C6 Bank

    Com o Insper, o C6 Bank trabalha em conjunto com alunos de graduação em engenharia de computação para criar ferramentas para monitoração e gerenciamento de controles de segurança para ambientes em nuvem em um cenário multi-cloud. "O C6 Bank se preocupa em participar ativamente do debate público sobre segurança para contribuir para que o mercado adote práticas apropriadas. Nossos colaboradores participam ativamente de comissões de tecnologia organizadas pelo mercado para ajudar na criação e revisão de normas técnicas", diz José Luiz. 

    Hoje, 5% do total de colaboradores da empresa atuam na área de segurança da informação. "Os investimentos nessa área são constantes. O C6 Bank possui um planejamento de cibersegurança que prevê o investimento em ferramentas de monitoramento e proteção, além de treinamento e qualificação constante dos nossos profissionais", complementa José Luiz.

    Reconhecimento – Todo esse investimento em pessoas e inovação trouxe reconhecimento para essas empresas. A Flipside, por exemplo, foi selecionada para o Scale-Up B2B da Endeavor, um dos mais importantes programas de aceleração de startups no mundo, o que deve alavancar ainda mais sua operação. "O fato de termos sido indicados e selecionados para o programa veio com timing perfeito", diz Anderson.

    A Kryptus, por sua vez, conquistou, em 4 de fevereiro, o certificado FIPS 140-2 para seu módulo criptográfico de hardware (HSM), o kNET, atestando o atendimento aos requisitos de segurança estabelecidos pelas normativas definidas pelo Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST, em inglês), dos Estados Unidos. Essa certificação define os padrões internacionais para módulos criptográficos. "O aparelho já possui a certificação da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil), sendo o único brasileiro apto ao processamento simultâneo de transações seguindo o Padrão de Segurança de Dados da Indústria de Cartões de Pagamento (PCI, em inglês) e do Banco Central do Brasil (BACEN) com o PIX", explica Roberto.

    Ao longo dos anos e com várias ações, a Tempest destaca sua atuação que vai desde a descoberta de dezenas de vulnerabilidades com CVEs publicados, até a realização de diversos treinamentos, webinars e palestras gratuitas. "Além disso, realizamos consultorias de segurança voluntárias junto a iniciativas como a do 'Mete a Colher' (meteacolher.org), com a execução de testes de segurança em apps. E após anos de cooperação com o Centro de Defesa Cibernética do Exército Brasileiro, recebemos o título de 'Empresa amiga do CDCiber'. De modo geral, enxergamos que é o nosso papel contribuir compartilhando conhecimento e parte do nosso tempo realizando ações. Isso fortalece o ecossistema de segurança, eleva a maturidade e só traz bons frutos para a sociedade", destaca Aldo Albuquerque.

    Quando pensamos nesta matéria, queríamos ressaltar as conquistas mediante inovação e reinvenção que as empresas de sucesso do mercado brasileiro de segurança empreenderam. No meio do caminho, descobrimos que o maior bem dessas empresas e o motor de inovação delas é o mesmo: as pessoas. Parabéns aos empresários que focam em seus talentos. A comunidade agradece e, em troca, inova com vocês.

     


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