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  • Multinacionais brasileiras na contramão dos layoffs globais


    Aline Mayra

    Enquanto os anúncios de cortes em massa seguem pipocando no noticiário, empresas de DNA nacional contam que têm dificuldade de preencher vagas abertas e dão dicas para quem está em busca de uma nova posição.

    2023 mal começou e a onda de demissões já está perto de 130 mil pessoas no mundo todo. Nesses dois meses, o número já corresponde a 80% das demissões de 2022 inteiro (161 mil), segundo o Layoffs FYI. No Brasil, de janeiro pra cá, mais de 7.200 profissionais foram demitidos, somando os números divulgados pela Layoffs Brasil

    Leia nesta matéria:

    • Empresas estão procurando profissionais de segurança no Brasil;
    • Capacitar os próprios funcionários acaba sendo uma saída para suprir demanda;
    • Onda de cortes pode deixar profissionais "espertos" na hora de escolher onde irão trabalhar;
    • Multinacionais brasileiras contam por que não estão demitindo;
    • Dicas para quem quer ser contratado.

    A Stefanini, por exemplo, anunciou 500 vagas no Brasil no final do ano passado e as contratações seguem acontecendo. Rodrigo Pádua, que é o VP Global de Gente e Cultura do grupo, conta que desde o anúncio 200 pessoas já foram contratadas e, mesmo assim, o número de vagas abertas se mantém: "Novos contratos vêm sendo fechados e novas demandas têm surgido", ele explica, e avisa que o núcleo de Cyber Security da empresa será um ponto quente neste ano, com necessidade de profissionais no mundo todo: "Nossa percepção é de que a demanda de cibersegurança está só no começo e com o crescimento de analytics, a segurança é essencial, por isso a formação dos hackers do bem é fundamental".

    Na mesma linha, a Tivit, que tem sua divisão de segurança ativa desde 2018, aponta pra cima quando o assunto é crescimento do time. "Vivemos um momento super legal e bom. Não tivemos cortes, mas contratações. Aumentamos o time em quase 30%", comenta Thiago Tanaka, diretor de Cybersecurity e head lob de CyberSec na Tivit. A área dele teve crescimento de 167% no ano passado.

    Luciano Ramos, country manager da IDC Brasil, também reflete sobre essa contradição das demissões em massa globais se contrapondo a um espaço vazio que custa ser preenchido por profissionais de TI aqui no Brasil. "É importante considerar que o Brasil tem uma carência muito grande de profissionais de TI. Há segmentos que estão buscando esses profissionais: segurança, dados, desenvolvimento. Ainda há uma lacuna grande".

    Capacitar os próprios funcionários acaba sendo uma saída para suprir demanda

    Na dificuldade de encontrar pessoas no mercado, o que as empresas têm feito para suprir suas necessidades técnicas mais específicas é procurar dentro de casa, usufruindo de pessoas já conectadas com a empresa, como Thiago, da Tivit, explica: "Em segurança, prezamos quem está dentro da companhia, com treinamentos que abrimos para todas as áreas! As pessoas podem se capacitar e avaliar uma transição de área". O executivo cita um número que costuma ouvir: 40% do número ideal de profissionais de segurança necessários nas empresas simplesmente não existe. Daí a necessidade de partir para a formação interna de equipes. "Nosso turnover é baixo, mas contratamos 1 a 2 pessoas todo mês. E como é difícil contratar gente de segurança, justamente porque não existe, estamos investindo em academy (programas de ensino dentro da empresa) para incentivar", conta Thiago.

    O mesmo movimento acontece também na Stefanini, que favorece o upskilling (aprimoramento de habilidades) de quem já está no time. "Isso gera, muitas vezes, a migração de uma área para outra, desenvolvendo pessoas da própria Stefanini", diz Rodrigo, que lidera globalmente a área de pessoas da empresa. Assim como Thiago, da Tivit, ele aponta programas próprios internos da companhia para driblar essa dificuldade.

    Onda de cortes pode deixar profissionais "espertos" na hora de escolher onde irão trabalhar

    "Tinha um exagero de pessoas pulando de empresa em empresa, às vezes até três empresas em um ano. Como essa onda de cortes pegou as big techs, isso levou reflexões para o mundo de TI", observa Rodrigo, da Stefanini, ao contar sobre o que tem ouvido pelos corredores do mundo corporativo. "Será que não é interessante estar numa empresa consolidada?”, provoca. Ele acredita que o choque entre o boom de contratações e as ondas de demissões pode adicionar esse alerta na mente dos profissionais que, agora, vão se reposicionar em novas empresas.

    E no quesito solidez, as multinacionais brasileiras se vêem destacadas. O diretor de cybersecurity da Tivit conta que a empresa pode demorar até quatro rodadas de entrevistas para fechar a admissão de um profissional, justamente para ter certeza de que aquela contratação vai ser duradoura e que vai fazer sentido para ambas as partes. "Aqui, somos muito pé no chão. Até porque, se eu estou chamando uma pessoa para vir para a Tivit, ela provavelmente vai ter que sair de uma empresa e escolher vir pra cá. Essa pessoa pode ser a única fonte de renda de uma família, sustentar uma casa. Você precisa ser consciente da real necessidade da contratação e também contratar a pessoa certa para a vaga", diz Thiago.

    Multinacionais brasileiras contam por que não estão demitindo

    "Disciplina financeira, foco em gestão muito forte, com gente muito boa". Esse é o mix que Rodrigo Pádua, da Stefanini, enxerga como responsável pela empresa estar contratando, ao invés de demitindo."Vemos que as demissões têm acontecido por busca por produtividade por parte de algumas empresas e um grupo que está economizando caixa. Sempre fomos uma empresa saudável, sem dívidas. Nunca acreditamos no crescimento por crescimento, só crescimento sustentável".

    Sob os mesmos argumentos, a Totvs respondeu à reportagem por email. Nas palavras de Izabel Branco, vice-presidente de Relações Humanas, "a Totvs é uma empresa muito sólida, com um caixa robusto, e uma atuação consistente em todo o território nacional", destacando a condição de ter um planejamento eficiente como base para a estabilidade do quadro de equipes da companhia.

    No geral, as empresas com maiores cortes de pessoal estão sofrendo com uma pressão inflacionária atípica para a maioria dos países, além das consequências da guerra da Rússia/Ucrânia - que já registra um ano inteiro de conflito - o estabelecimento de um novo mundo pós-covid, com as pessoas de volta às ruas e certa retomada de normalidade nas demandas por tecnologia dentro das empresas. Esses argumentos compõem a base comum que sustenta os bruscos movimentos que temos assistido. Por outro lado, como lembra Luciano Ramos, da IDC, apesar do volume de demissões que assusta, esses números são apenas frações das contratações intermináveis que essas organizações foram fazendo ao longo dos últimos três anos, principalmente em função da pandemia, impondo novas e urgentes demandas tecnológicas.

    Dicas para quem busca novas oportunidades

    As fontes ouvidas para essa reportagem gentilmente contribuíram para a criação de um pequeno guia de condutas preciosas para quem está à procura de uma boa posição de trabalho. Elas valem para quem foi pego pelos cortes e também para quem está em uma transição de empregos planejada:

    1. Manter a calma, para evitar emoções que atrapalham a vida, o sono, a alimentação, o humor e a sanidade mental.
    2. Estudar bem a vaga desejada. Será que ela bate mesmo com seu skill? Se fizer sentido, enderece o currículo ressaltando os pontos que farão a pessoa recrutadora perceber que existe match.
    3. Apresentar-se da melhor forma para a vaga, com uma carta que fale sobre você e suas aspirações profissionais e até um pouco do lado pessoal.
    4. Manter o currículo atualizado e revisado.
    5. Manter-se com a moral alta, afinal, as empresas buscam talento, mas também querem por perto pessoas que tenham garra e disposição.
    6. Buscar um método de se atualizar de forma constante, mesmo que seja a partir de cursos curtos e conteúdos gratuitos.
    7. Manter o networking aquecido. Ao longo da jornada profissional, estabelecer boas conexões torna mais fácil descobrir novas oportunidades contando com os relacionamentos conquistados.

    Dica bônus para quem é de segurança

    Ao longo da entrevista para esta matéria, Thiago Tanaka, da Tivit, quando refletia sobre os pontos mais importantes para quem quer se colocar ou recolocar no mercado, fez um alerta para o pessoal de segurança: Em segurança, você precisa tirar uma hora do seu dia e estudar todos os dias. Todos os dias vão surgir novas ameaças. Eu, que estudo há 15 anos, se eu não continuar estudando diariamente, logo, já estou desatualizado. Tem que continuar aprendendo todo dia".

    Nesse sentido, não deixe de consultar a lista de treinamentos Mente Binária, voltados para educação contínua.

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